Depende da nossa atitude, da nossa compreensão da Missa.
Ela é o sacrifício, o culto perfeito tributado a Deus Pai pelo próprio Cristo e, com Ele, pela Igreja inteira. Por isso, todo o povo presente deve participar da Missa de modo ativo e consciente. Ela não é o lugar apropriado para recitar orações privadas, por mais excelentes que sejam, como o terço....
Na Missa cumprimos o nosso importante papel de membros do Povo de Deus – incorporados pelo batismo na Igreja, Corpo Místico de Cristo, rezando ou cantando em comum. Escutamos a Jesus que nos fala nas leituras, no Evangelho e na homilia. Nos momentos de silêncio unimo-nos à voz do sacerdote nas orações que recita, como aquele que nos preside. A participação ativa na Missa adquire uma significação renovada como supremo ato de culto que nós e os nossos irmãos coparticipantes oferecemos em união com Cristo a Deus Pai. Como usamos a nossa língua (o português) podemos ter uma consciência muito ativa do que acontece entre nós e no altar.
É essencial saber que a nossa participação na Missa é muito mais do que uma mera conformidade externa com algumas orações ou cerimônias. A Missa é, sobretudo, o oferecimento do sacrifício do Calvário que atualizamos com Jesus.
Pelo sacerdote, seu ministro ordenado, Jesus oferece à Santíssima Trindade um ato de adoração digno de Deus porque é oferecido pelo próprio Filho de Deus. É um ato de adoração e de amor que adquire o seu valor pela obediência perfeita de Jesus à Vontade do Pai. Na Missa Jesus nos congrega em torno Dele. Aceita do coração de cada um de nós a oferenda do nosso amor a Deus e dá-lhe um valor eterno unido ao próprio amor infinito. Jesus e nós aproximamo-nos de Deus na unidade. Constituímos assim uma só Vítima, uma só Hóstia, depositada ao pé do trono divino. O Pai olhando para o Filho vê a todos nós, sejamos dez ou dez milhões....
É evidente, portanto, que a nossa atitude – disposição da nossa mente e do nosso coração – é mais importante que todas as palavras rezadas ou cantadas. O sacerdote tem que falar porque realiza o sinal externo (visível audível) que torna presente a ação do Calvário. O povo tem que falar – nos momentos apropriados – para expressar sua identificação com o que está acontecendo. Mas, mesmo que fôssemos surdos-mudos a cumpriríamos fazendo-nos um com Jesus.
Na Missa nos fazemos Vítima, pois, no altar, entregamo-nos à Vontade de Deus quando, do fundo do coração, dizemos: “Toma-me, Senhor, sou teu mesmo sem as devidas condições”. Nossa atitude na Missa é de entrega total ou pelo menos parcial se nos achamos indignos. A Missa requer a nossa entrega interna assim como entregamos o pão, o vinho, a nossa oferta. Deste modo nos identificamos com Cristo vítima que se oferece ao Pai.
Outro aspecto de capital importância que decorre da nossa participação na Missa é identificar-nos com Cristo no serviço da caridade no nosso dia a dia. A nossa entrega como vítimas com Cristo seria um gesto vazio se não tivéssemos as obras de caridade. O ódio, a raiva, o rancor, a preguiça e o descompromisso mostram que ainda não temos o domínio sobre nós mesmos e que muito pouco entendemos da santa Missa. Dar-se a Deus e praticar a caridade são as disposições que nos fazem participar ativamente da Missa.
O certo é que quando se deixa de participar da Missa dominical, a fé e o convívio familiar e social vão sofrendo uma mudança lenta, mas gradual. Estas pessoas começam a preocupar-se mais com suas inclinações pessoais e as suas necessidades individuais e a História ensina que, quando o homem deixa de adorar a Deus, começa a adorar-se a si mesmo como se um deus fosse, o que o descaracteriza em curto espaço de tempo. Vocês conhecem pessoas assim?
A perda da participação da Missa dominical leva o povo a participar, normalmente, de outros atos litúrgicos como novenas e outras formas de piedade. Essas não são más ou ilícitas em si mesmas, mas não alimentam a fé como a Missa que nos une a Cristo.
É, portanto, direito e dever de cada batizado aprofundar o seu conhecimento sobre a santa Missa. É direito e dever do cristão participar dominicalmente da santa Missa para unir-se espiritual e estreitamente aos irmãos na fé levando à santa Missa dominical a sua entrega pessoal, o amor fraterno que demonstrou no seu trabalho durante os seis dias da semana e o testemunho da sua fé em Cristo pela sua presença e participação ativa. Deste modo crescem os verdadeiros homens e as verdadeiras mulheres do Povo de Deus que, entre os demais, constroem as comunidades cristãs, exemplos vivos e inspiração sólida da organização social fraterna e justa. Esses são a boa semente, o campo bom, o grão de mostarda, o grão de trigo, o fermento e os peixes bons dos quais Jesus fala nas parábolas do Reino de Deus presente no mundo (no meio do pedregulho, dos espinhos, terra dura, joio, massa sem fermento, terra sem semente boa, peixes ruins). A santa Missa é o alimento do caminho. Vocês conhecem pessoas que viveram assim?