“Pelé sacrificou o seu prestígio pessoal e passou a bola ao amigo que marcou o gol da vitória”. O significado da palavra sacrifício, neste caso, está deteriorado.
Sacrifício é um dom feito a Deus. Este é o sentido original da palavra. Contudo, nem todos os dons oferecidos a Deus são sacrifícios. O dinheiro da coleta, a roupa aos Vicentinos, ainda que sejam oferecidos a Deus, não constituem um sacrifício no sentido original da palavra.
Sacrifício, no sentido original, é a oferenda subtraída ao uso humano (deixa de ser minha!) e, de certo modo, destruída, para significar que é um dom que se faz a Deus. Se antigamente ofereciam a Deus um animal ele era morto sobre o altar e consumido (normalmente) pelo fogo. Se a oferenda era vinho este era derramado no chão diante do altar. Esta destruição do dom (“nós o devolvemos a Ti, ó Deus!”) era essencial à ideia de sacrifício.
Ao dom oferecido a Deus chama-se de VÍTIMA. Hoje fala-se de “vítima de acidente, de assalto, etc.)”. Seu sentido original é dom que se oferece a Deus. A vítima também recebia o nome de hóstia.
Observemos que o sacrifício não é um ato de piedade individual, mas sim um culto social de um grupo. Portanto, quem oferece não o faz em nome próprio, mas em nome do grupo que representa (é porta-voz!): o patriarca, o pai de família, o rei, os filhos de Aarão.
O último requisito de um sacrifício genuíno nos revela que, para tanto, deve haver um SACERDOTE. Quem oferece um sacrifício deve ter o direito de representar o grupo em cujo nome faz a oferenda: seja quem for, deve dirigir-se a Deus em nome do povo de Deus. Sacerdote ainda hoje significa: o homem que oferece sacrifício. Por isso, as seitas e os protestantes não têm sacerdotes e sim pastores. Eles não creem nos sacrifícios de Cristo e da santa Missa.
Então, sacrifício é a oferenda de um dom (chamado vítima ou hóstia) que um grupo faz a Deus e a destruição desta vítima para indicar que é um dom feito a Deus, realizado por alguém – sacerdote – que tem o direito de representar esse grupo diante de Deus.
Vamos lá. Chamamos a Missa de Santo Sacrifício.
- Quem é o dom oferecido, vítima infinitamente preciosa e perfeita?
- Quem é o grupo que celebra o sacrifício?
- Quem é o sacerdote real e quem é representante? O sacerdote real é Cristo e o sacerdote (homem), instrumento vivo de Cristo, representante de Cristo e do povo, que, para tanto, recebeu o mandato e o poder pela sagrada Ordenação, é o sacerdote, o padre.
Jesus morreu na Cruz por nós uma só vez, mas esse seu ato é atualizado em cada Missa. A morte de Jesus é muito mais do que um fato histórico. É um sacrifício eterno. Na Missa Jesus é sacerdote, vítima perfeita e dom infinitamente precioso, oferece-se a Si próprio a Deus por nós.
Toda a santa Missa nos relaciona com Deus e tem quatro finalidades:
a) Adorar a Deus – somos capazes de adorá-Lo em nome de toda a Criação
b) Dar graças – é o momento de sermos gratos porque tudo vem de Deus. Jesus “deu graças ao Pai”.
c) Pedir graças - a da salvação eterna e assim colaborarmos com o fim para o qual fomos criados.
d) Reparar os pecados – restaurar nossa ruptura, desobediência à Vontade de Deus.