Se lermos a instituição da Missa feita por Jesus na última Ceia e compararmos este relato com o cerimonial do Santo Sacrifício de hoje veremos que houve um grande desenvolvimento no cerimonial que preserva no seu bojo o essencial que recebemos de Jesus.

 

            A descrição da última Ceia apresentada pelo evangelista Mateus (26,26-28): “Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e deu-o aos seus discípulos, dizendo: Tomai e comei, isto é o meu corpo; e tomando um cálice deu graças e deu-o, dizendo: bebei dele todos porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, que será derramado por muitos para a remissão dos pecados”.

            Temos já o santo Sacrifício na sua essência, ou seja, a Consagração e a Comunhão. Vemos também que Jesus deu graças (prefácio). Sabemos também pelo evangelista João (13,4-10) que Jesus lavou os pés dos apóstolos antes da ceia (rito de purificação – ato penitencial) e que dirigiu belíssimas palavras aos apóstolos (13,14-17) = homilia.

            Os primeiros cristãos, na “fração do pão”, seguiam de perto o cerimonial da última Ceia. Sendo judeus continuavam participando das reuniões nas sinagogas e reuniam-se, privadamente, em pequenos grupos, para a “fração do pão”. Quando foram expulsos da sinagoga começaram a antepor à “fração do pão” algumas orações trazidas da sinagoga especialmente as duas leituras, uma do livro de Moisés e a outra de um dos profetas, seguidas de uma homilia e entremeadas de orações. Expulsos da sinagoga introduziram leituras do Novo Testamento com outras do Antigo (aparece já então o que hoje chamamos de Liturgia da Palavra).

            No ano 150, São Justino nos oferece praticamente o esquema da Missa de hoje: “Num dia, cujo nome se toma do sol, os que moram na cidade e os do campo reúnem-se e, então, quando há tempo, leem-se as memorias dos Apóstolos (evangelhos) e os escritos dos profetas (AT). Terminadas as leituras, o presidente (sacerdote) dirige-nos um discurso (homilia) em que nos pede pratiquemos as belas lições que acabamos de ouvir (até aqui a liturgia da palavra de hoje). Então, leva-se o pão e um cálice com água e vinho ao presidente dos irmãos que os recebe e oferece louvores ao Pai de todos, em nome do Filho e do Espírito Santo, e depois prossegue com certa detenção, recitando uma prece de ação de graças (oração eucarística de hoje) porque Ele nos fez dignos de participar destes dons. Quando termina as orações e a ação de graças todo o povo presente responde AMÉM (= assim seja). Depois da ação de graças do presidente e da resposta do povo, os diáconos, como se chamam entre nós, distribuem o pão e o vinho entre os que pronunciaram a ação de graças [...] e não os tomamos como alimento e bebida comuns; do mesmo modo como nos foi ensinado que, pela palavra de Deus, Jesus Cristo Nosso Senhor se encarnou, assim também estes alimentos, para os que tem pronunciado as palavras de petição e ação de graças, são a verdadeira carne e sangue quando o recebemos” (Primeira Apologia, caps. 65-67). Vemos neste texto a Missa perto da forma final que até hoje usamos.

            Até o tempo do Papa Gregório Magno (+ 604) o esquema da Missa já estava muito parecido com o de hoje. De Justino a Gregório introduziram-se as duas leituras (uma do Antigo Testamento e a outra do Novo Testamento), o canto de entrada, o ato penitencial (Kyrie eleison = Senhor, tende piedade de nós), o glória e a oração da Coleta.

            O CANTO DE ENTRADA – o povo e o coral cantavam um salmo enquanto o sacerdote e seus ajudantes saiam da sacristia (perto da porta de entrada da igreja) e iam em procissão até o altar. Havia 4 procissões: a da entrada, a do Evangelho, a do ofertório e a da comunhão. Nestas procissões o povo e o coral cantavam um salmo apropriado.

            O KYRIE ELEISON – é uma súplica à misericórdia de Deus. Um antigo costume de Roma quando o Papa e o povo se reuniam numa igreja e, em procissão, cantando uma ladainha de aclamação a Deus, se dirigiam a outra para celebrar a Santa Missa. Caíram as procissões, mas permaneceu a súplica à misericórdia divina no “Senhor, tende piedade de nós, Cristo...

            O GLÓRIA – foi-se introduzindo aos poucos desde o século VI e hoje faz parte das missas de caráter gozoso (alegria).

            A COLETA – é a oração que o sacerdote faz depois do glória (ou do Kyrie) e começou a fazer parte do rito no tempo das missas estacionais. Era rezada pelo Papa ou pelo bispo antes de partirem da igreja estacional.

            O CREDO – rezou-se algumas vezes nas missas dos primeiros séculos e em 1014 Bento VIII estabeleceu-o como parte oficial da Missa como declaração da fé após ter ouvido o Evangelho e a homilia e antes de se proceder a sagrada ação da Missa.

             A ORAÇÃO DOS FIÉIS – era tradicional na liturgia dos primeiros séculos. Consistia na enumeração das intenções pelas quais se oferecia o santo Sacrifício. Nela os batizados exercem a sua função sacerdotal suplicando por todos os homens (salvação!).

            A LITURGIA EUCARÍSTICA – Divide-se em 2 grandes partes: a liturgia da Palavra e a liturgia Eucarística e cada uma delas vem acrescida, rodeada, de partes menores que focam a parte maior como holofotes que iluminam o ponto central.

            A LITURGIA DA PALAVRA – Nos prepara com leituras, orações e instrução para a grande ação da Missa. No sinal da cruz, na saudação, no ato penitencial, no glória e na oração inicial (coleta) nós nos dirigimos a Deus. Nas leituras e nas homilias Deus se dirige a nós com palavras de instrução e admoestação. Antigamente os não batizados – catecúmenos – retiravam-se para que os batizados então fizessem a sagrada Eucaristia.

A LITURGIA EUCARÍSTICA – Tem 3 partes: o ofertório, a oração Eucarística e a Comunhão. O ofertório com a apresentação das oferendas – acompanhada às vezes por um canto – e termina com a oração sobre as oferendas.

            A oração Eucarística – coração e centro da Missa – começa com o Prefácio e termina com a doxologia (“Por Cristo, com Cristo e em Cristo”) aclamado pelo Amém da assembleia.

            A Comunhão começa com o Pai Nosso e termina com a bênção e despedida finais.

Horários de Missa

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