É uma das pérolas preciosas que Jesus deixou à sua Igreja.
Nos seus esforços misericordiosos para levar-nos à comunhão consigo, Deus chega até os últimos limites. Jesus deu-nos o sacramento do Batismo que nos limpa de todos os pecados cometidos antes do batismo e nos adota como seus filhos participantes da sua vida divina. Conhecendo a nossa fraqueza deu-nos também o Sacramento da Penitência pelo qual são perdoados todos os pecados que cometemos depois do batismo. Deu à sua Igreja o poder de remir a pena temporal pelo pecado mediante a concessão de indulgência. Finalmente, para ter certeza da comunhão com Deus a não ser que não queiramos, por teimosia própria, Jesus institui o Sacramento da Unção dos Enfermos, denominado uma vez por Sacramento da Extrema Unção (liturgicamente era a última das quatro unções que um cristão podia receber: batismo, crisma, ordenação sagrada e Extrema Unção).
É um sacramento instituído para alívio espiritual e até temporal dos fiéis que correm risco de morte por doença, acidente ou velhice. “Pela santa Unção dos Enfermos e pela oração dos presbíteros, toda a Igreja encomenda os doentes ao Senhor, sofredor e glorificado, para que os alivie e salve exortando-os a que livremente se associem à Paixão e Morte de Cristo e concorram para o bem do povo de Deus” (LG 11 e CIC 1489).
O Evangelho de São Marcos nos dá notícias deste Sacramento ao dizer que os Apóstolos, tendo partido, expulsam muitos demônios, ungiam com óleo muitos enfermos e curavam-nos (Mc 6, 12-13). Mas a descrição clássica que as Escrituras nos dão deste precioso Sacramento encontra-se na Carta de São Tiago (5, 14-15): “Há entre vós algum enfermo? Chamam os presbíteros da Igreja para que façam orações sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o aliviará; se estiver com pecados, ser-lhe-ão perdoados”.
O óleo que se usa na administração deste Sacramento é um dos três óleos que o bispo diocesano abençoa na sua catedral na missa da manhã de Quinta Feira Santa. O óleo é de azeite puro de oliveira ou de outro óleo extraído de plantas, bento e sem adição nenhuma. Ao óleo são atribuídos efeitos medicinais e fortalecedores. Em caso urgente o óleo pode ser bento pelo próprio sacerdote ao administrar este Sacramento.
Na administração deste Sacramento há certas leituras e orações – anteriores e subsequentes – que o sacerdote reza quando há tempo suficiente. A essência do sacramento está na própria unção e na breve oração que a acompanha. O sacerdote unge com o óleo a fronte (e as mãos) do enfermo e diz: ¨ Por esta santa unção e por sua piíssima misericórdia, o Senhor venha em teu auxílio com a graça do Espírito Santo, para que, liberto dos teus pecados, Ele te salve e, na sua bondade, alivie os teus sofrimentos”.
O momento de ter que enfrentar o risco da morte por doença, acidente ou velhice traz consigo, normalmente, uma sensação de insegurança ou um pouco de angústia. Isto é natural porque por Deus fomos dotados de um forte apego à vida – instinto de conservação - precisamente para garantir que concedamos ao nosso bem físico o cuidado necessário e não exponhamos a vida a perigos desnecessários.
“A doença e o sofrimento estiveram sempre presentes entre os problemas mais graves que afligem a vida humana. Na doença, o homem experimenta a sua incapacidade, os seus limites, a sua finitude. Torna-se impotente! Qualquer enfermidade pode fazer-nos antever a morte. A doença pode levar à angústia, ao fechar-se a si mesmo, e, por vezes, ao desespero e à revolta contra Deus. Mas, também pode tornar uma pessoa mais ponderada, ajudá-la a discernir, na sua vida, o que é essencial e a voltar-se para o que o é. Muitas vezes, a doença leva à busca de Deus, a um regresso a Deus” (CIC 1500-1).
Não há razões para nos envergonharmos ou para pensar que nos falta a fé se nos assustamos ao sentir que começa a pairar sobre nós a sombra da morte. Para combater este medo e para tirar toda a causa deste temor, Deus presenteou-nos com o Sacramento da Unção dos Enfermos. Jesus, como ninguém, conheceu o sofrimento e a morte e vem para junto do enfermo para iluminar o seu estado de vida. A Unção dos Enfermos nos dá a força do Espírito Santo e aumenta em nós a vida divina. Este Sacramento requer que o enfermo já esteja livre de seus pecados pela santa Confissão para fortalecê-lo na sua união com Deus, raiz de toda a fortaleza e fonte de plena felicidade. O principal efeito deste Sacramento é confortar e fortalecer o enfermo, reanimado pela confiança em Deus; é aliviar a angústia e dissipar o medo. Ajuda ao doente abraçar a Vontade de Deus e a enfrentar a possibilidade da morte. A serenidade e a fortaleza espirituais são aumentadas pelo segundo efeito deste Sacramento: preparar o enfermo para o encontro com Deus no céu, concedendo-lhe o perdão de todos os pecados e purificando-o dos resíduos do pecado. A Igreja nos ensina que se tivermos a grande felicidade de poder receber este Sacramento quando começamos a correr o risco da morte, poderemos ter a confiança quase absoluta de entrar na bem-aventurança do céu logo depois de expirarmos porque este Sacramento nos purifica de todos os nossos pecados e das penas temporais devidas pelos nossos pecados.
Este Sacramento também perdoa o pecado mortal se o enfermo não estiver em condições de se confessar (meu mano morreu acidentado e a mãe dizia ter a certeza que Deus o perdoou de todos os pecados e que está na glória do Pai que ele sempre amou).
O fim principal deste Sacramento é a cura espiritual. Mas, pode também produzir um efeito secundário e condicional que é a devolução da saúde corporal. O Ritual da celebração deste Sacramento diz “quando isto for conveniente para a salvação espiritual”. A ciência moderna comprova por pesquisas que os doentes que possuem fé curam-se cinquenta por cento mais facilmente do que aqueles que não possuem fé em Deus. Na medida em que este Sacramento elimina a angústia, tira o medo, inspira a confiança em Deus e leva a aceitar a Vontade de Deus, ele atua sobre os processos corporais suscitando a melhora física do enfermo.