É uma ação sagrada na qual Jesus se torna presente sob as aparências do pão e do vinho. O nome que os primeiros cristãos davam à Missa era “ação de graças” ou “fração do pão”, expressões que vem da narração da última Ceia, ou seja, Jesus tomou o pão, deu graças, partiu-o e deu-o dizendo: Isto é o meu Corpo que é dado por vós; fazei isto em memória da mim (Lc22,19).
A Missa não é celebrada para que alguém (ou muitos!) possa comungar a Sagrada Comunhão. É nela e só nela que se transformam o pão e o vinho em Corpo e Sangue do Senhor. Mas, a Missa é muito mais!
Ela é um MEMORIAL de Nosso Senhor. “Fazei isto em memória de mim”, disse Jesus ao ordenar sacerdotes os seus apóstolos. É inerente a cada um de nós conservar viva a lembrança das pessoas que amamos ou admiramos (retrato desbotado de um falecido, monumento a um herói...). Jesus nos ama tanto que deixou-nos um memorial de Si mesmo como só Deus o podia conceber. Não é um quadro, um monumento, uma estátua, um documento, mas a presença viva de si mesmo que vem a nós diariamente na santa Missa. Na Missa temos o próprio Corpo e Sangue do Senhor, o oferecimento de Si mesmo no Calvário, sua própria morte, sua ressurreição, sua ascensão, partilhadas conosco.
Além da memória do Senhor, a Missa também é um BANQUETE sagrado, no qual Ele nos alimenta com o seu próprio Corpo e Sangue. Os primeiros cristãos inseriam a celebração da Eucaristia numa ceia. Chamavam-na de “ágape” que significa “festa da amizade”. Reuniam-se na casa de alguém deles (não havia igrejas), cada um trazia sua própria comida e bebida (uns muita, outros pouca, alguns nenhuma) que era repartida entre todos e no fim da ceia, quem a presidia, o bispo, celebrava a Eucaristia seguindo o exemplo de Jesus. Infelizmente introduziram-se alguns abusos – não repartiam, bebiam demais!!! (1 Cor 11,20-2). Por causa dos abusos a “fração do pão” cedo foi desligada da “ágape” e passaram a celebrar a “fração do pão” de manhã e a ágape ao anoitecer. O jejum eucarístico entrou na metade do século segundo e 200 anos depois já não havia mais o costume da ágape (pena!).
A Missa é mais do que um memorial, um banquete. Ela é um SACRIFÍCIO (CIC 1382, 1365 e Mt 26,28). Esta palavra perdeu seu sentido e passou a indicar algo doloroso, desagradável. Originariamente sacrifício significava uma ação pela qual se oferece a Deus um dom. É isto o que entendemos hoje quando falamos que a Missa é um sacrifício sagrado e perfeito (sacrum facere). Sacrificar algo significa tirá-la de mim e oferecê-la a Deus. O desejo de oferecer dádivas a Deus ou a deuses (buscar o beneplácito divino!) está profundamente arraigado no coração humano. Em toda a história humana sempre houve isso e que acontecia de muitos modos até atingir o fanatismo e o absurdo (ex.: sacrifício do filho primogênito). No sacrifício da Missa irrompe um elemento novo e maravilhoso: pela primeira vez e todos os dias, a humanidade pode oferecer a Deus um dom digno Dele: o dom do seu próprio Filho, um valor infinito, digno de um Deus infinito. E um dom precioso que Deus não pode recusar porque é um dom de Deus para Deus. A Missa é um sacrifício que durará enquanto o tempo durar.